Morre o pai do 911

O Porsche 911 original, de 1964

Morreu ontem – dia 5 – aos 76 anos, Ferdinand Alexander  Porsche, neto do criador da Porsche de mesmo nome. Ferdinand, o neto (cujo apelido era “Butzi”), é a mente por trás de um dos maiores mitos automobilísticos, o Porsche 911, desenhado a partir de um projeto próprio em 1963, e com óbvias inspirações no VW Type 1 (mais popularmente conhecido como “Fusca”, “Fuca” ou, ainda, na gringolândia, “Beetle” ou “Bug”).

Ao contrário de seu pai e seu avô – cujo interesse maior era na eficácia e na engenharia das máquinas – Butzi estava mais interessado na aparência dos automóveis, então pegou o fusqueta e deu uma embelezada. Se fôssemos brincar de dar personalidade humana aos carros, para mim, o Fusca é o carro mais macho moderno, homem da década de 1960 machão, machista, simples, trabalhador, honesto, um cabra-macho mesmo. O que Butzi fez foi pegar esse “homem” e dar um banho de loja nele. Deixou o carro mais sensual, mais bonito, mais atlético, (muito) mais rápido. Enfim, transformou o cabra-macho num metrossexual. Tudo isso no começo da década de 1960, mas, aí, você vê como o cara era visionário…

Em 1964, lançou o primeiro Porsche 911, que foi considerado o 5º carro mais importante do século passado na votação Car of the Century, em uma votação em 1999.

O carro é, sem dúvida, o mais importante automóvel da história da Porsche, marca esportiva que disputa, “pau a pau”, o coração dos entusiastas de automóveis e da velocidade com a Ferrari.

Por aqui, coloquei em um dos primeiros posts um comercial magnífico sobre o mito do 911. Acho que agora é uma boa hora para assistir…veja aqui.

Para deixar minha homenagem à criatura e ao criador, publico abaixo uma seleção dos mais belos 911s:

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Ruhe In Frieden, Butzi!

Spitze-Hacke?????

Outro dia eu estava conversando sobre o blog com a minha esposa, falando do feedback que eu (às vezes) recebo e dizendo como eu gosto de escrever sobre carros, corridas e tudo o mais que envolva velocidade em um veículo de quatro rodas.

Bem, ela finalmente deu uma olhada no blog e soltou “Ah, legal…parece estar bem feito, bacana”. Depois, com um olhar meio crítico, disparou: “Mas e esse título hein? Por que você não troca? Não tem um nome mais fácil não pra você pôr?”

Aí eu me dei conta que, até hoje, não expliquei sobre o que se trata o meu título. Embora aqueles que falem alemão – e gostem de automobilismo – vão entender na hora, a maioria deve ficar com as mesmas impressões passadas pela minha mulher.

Pois bem:

Uma das técnicas mais importantes que são aprendidas durante um curso de pilotagem, é a técnica do punta-taco. Chegando nas curvas, para o carro não perder giro, o piloto faz uma acrobacia usando os dois pés e a mão direita para reduzir a marcha sem ter de frear.

Explico: Chegando à curva, tira-se o pé do acelerador e pisa-se no freio; um pouco antes do final da freada, o pé esquerdo aciona o pedal da embreagem e rapidamente a mão direita faz a troca de marchas, enquanto a esquerda continua segurando o volante. Com o pé direito ainda no freio, diminui-se a pressão sobre esse pedal e somente a ponta do pé (daí o nome ‘punta’) fica no pedal do meio, enquanto que a outra extremidade do pé, o calcanhar (tacco) pressiona o acelerador.

Veja o mestre em ação, fazendo punta-tacco num Honda NSX no Autódromo de Suzuka:

E o que o Spitze-Hacke tem a ver com isso? Ora, caro leitor, tudo. Esse é o sonoro nome dessa mesma técnica em alemão.

Spitze-Hacke é o mesmo que Heel-And-Toe (em inglês) e  Punta-Tacco (em italiano). Pegamos emprestado o nome dos italianos. Eu resolvi fazer uma homenagem aos alemães, afinal, eles são a pátria da Porsche, BMW, Maybach, Mercedes-Benz, Audi, VW e Michael Schumacher, além de inúmeros outros pilotos talentosos; além disso, fica na Alemanha o circuito mais eletrizante de todos: o Nürburgring.